Ciranda da vida

17 maio 2013

Cabeça baixa, olhando o chão nos olhos e o fone de ouvido gritando algo que parecia uma música, ou deveria ser, não sei. Ando meio distraída e tentando me preocupar mais com a previsão do tempo do que qualquer outra coisa. Já me preocupei demais. Já me ocupei demais. Já me descabelei demais. Dei um basta, isso mesmo. Decidi que escolher entre ser mais ou menos, boa ou ruim pros outros não faz a menor diferença e o que importa no final do dia é o peso da minha consciência no travesseiro. Sei que na maior parte das vezes não faço nada certo, mas prezo pelo reconhecimento quando tenho algum acerto perdido no meio das minhas inúmeras falhas. E todo mundo insiste o tempo todo em atirar pedras nos outros pra tentar tapar os próprios buracos.

 


Foi assim que eu aprendi a vestir minha armadura e preparar meu escudo sempre que possível ou então logo me canso e visto apenas uma capa da invisibilidade pra me poupar dessas caras abatidas que tanto procuram o que julgar. Tem muita gente se fantasiando de triste pra questionar a felicidade alheia. Tem muita gente se escondendo no escuro pra apontar o brilho do outro. Tem muito homem se cobrindo de músculos pra esconder o coração. Tem muita mulher fechando a alma e abrindo os braços, as pernas e todo o resto. É muita gente se enfiando em buracos escuros pelo simples medo de encontrar o que procura e não ter mais pelo quê procurar. E eu me canso constantemente da hipocrisia humana e da busca por motivos para se tornar vítima da própria história e decido me importar menos, me valorizar mais, olhar mais pro fundo da minha alma e esquecer toda essa tolice e mundinho preto e branco em que a gente vive. E de repente todos os clichês do mundo são minha única e melhor saída, mas então percebo que odeio clichês e retorno pra minha realidade agitada vivida em cima da minha cama enquanto olho pra um quadro abstrato. As saídas parecem um pouco tortas demais, mas que se dane, porque nada é certo nessa vida.


E aí eu me lembro de esquecer dessas bobagens todas. Deve ser pedir muito que as pessoas sejam de verdade. E que deem sorrisos verdadeiros. E que se doem e se doam quando for preciso. Deve ser muito pra alguém dar um sorriso aberto e um bom dia pro porteiro. Ser inteiro e, ainda assim, deixar que alguém seja sua metade. É pedir demais que a gente sinta nossa alegria em paz sem que a inveja chegue e acabe com tudo e que as pessoas parem de usar os outros como escada pra subir na vida? Não, não é pedir muito. Mas eu peço. Eu suplico, na verdade. É que tá doendo, sabe? Machuca. Ser de verdade em um mundo de mentiras me corrói a alma quase que por completo.

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