Por favor, não volte

08 abril 2014



Quem você pensa que é? Sério, diz logo e de uma vez. Já me antecipo e peço desculpas por parecer rude demais, ansiosa demais ou nervosa demais. Mas é que você sabe, não sou fã de mudanças radicais. Logo, continuo sendo a mesma. O que me interessa mesmo é saber sobre sua volta repentina e o motivo de você perguntar tanto de mim por aí. Preciso saber o porquê desse interesse e o que você quer saber especificamente. Porque isso deveria ter acontecido há muito tempo atrás, entende? Sua busca por notícias minhas, por preocupação, respeito ou educação, que seja, deveria vir naqueles maus tempos e naquelas noites infinitamente solitárias. Eu ainda te queria aqui, mas compreendia seus motivos. Eu entendi o fato de você ter ido embora perfeitamente e aceitei – depois de noites e noites e noites de profunda tristeza e lamentação – o seu adeus.

Mas não, não dá para simplesmente aceitar seu retorno agora e fingir que nada aconteceu. Não dá para caminhar em passos lentos em sua direção e lamentar pelo tempo perdido. Não dá para viver você de novo e não me arrepender logo após. Porque eu continuo com minha personalidade e defeitos e angústias, mas você não faz mais parte disso tudo. Eu não vivo mais em sua sombra porque, depois de muito tempo, consegui acender a luz e acreditar que um dia ensolarado me traz muito mais felicidade do que as madrugadas tão tristes e cheias de você.

Levou muito tempo para que eu chegasse até aqui e tomasse decisões certas assim. Depois de muitas promessas quebradas, eu desejei nunca ter te conhecido. E depois de tanto esforço em vão, eu desejei que você nunca mais voltasse. E você voltou e continua o mesmo. Acha que pode sair por aí colecionando corações, fazendo cortes e deixando cicatrizes cada vez mais profundas, destruindo sonhos e esperanças. Mas você não pode, entende? Eu desejo, verdadeiramente, que você aqueça seu coração antes que ele te empedre. Que você ocupe seu tempo arrumando espaço para coisas novas dentro dele, não esvaziando o de outras pessoas. E que permaneça onde está ou vá para bem longe.

Mas, por favor, não volte. Não tente abrir a porta, pular a janela ou forçar a fechadura. Sério, não faça isso nunca mais. Eu não sei quem você pensa que é, mas sei que não tem lugar para você aqui.


Texto publicado no dia 07/04/2014 no blog da Isabela Freitas.

2 comentários:

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