Tu não precisas me ligar todas as noites, nem dizer bom dia todas as manhãs. Eu gosto de pessoas simples e de respirar simplicidade ao lado de alguém. Eu não suporto mentiras, detesto despedidas e, de vez em quando, gosto de beber um pouquinho de saudade. Saudade pra mim se mata na boca, no corpo, no colo, no afago, no alô e no palpável. Saudade é aquele desespero no peito, a irritação na pele, o som da caixa postal e as horas que não passam. Tu não precisarás ter doutorado para me entender bem. Eu sou fácil de ser decifrado, mas difícil de ser mantido. Confesso que sou metido a durão, mas que, por baixo da falsa casca grossa, não troco um namoro sólido por nenhum título do Grêmio.
No início evite contatos com a minha mãe. Ela é uma pessoa adorável, simpática ao extremo e, se ela te avaliar como um cara de futuro, passará a te amar pelo resto da vida. Assim como ela, comigo é 8 ou 80. Não sobrevivo de meios termos e já risquei a palavra talvez do meu Aurélio. O segredo para me manter por perto é me ter por perto. Gosto de ter a certeza que tu irás voltar, mas ela só pode ser subjetiva. Certezas bem certas são chatas. Hipóteses, podem ser mentiras.
Às vezes, eu posso querer dar uma sumida e não te dizer aonde vou. Entenda isso e respeite minhas opiniões. Ouça minha dor com interesse e se faça presente. Gosto de pessoas pró-ativas, ajuda a excitar minhas ações e masturbar minhas ideias. Além de seres perfumado, sejas educado, digas obrigado e peças licença ao entrar. Eu estou longe de levar uma vida certinha, mas sou meio metódico quanto à organização. Tudo para mim tem que estar no seu devido lugar. Relacionamento, no meu conceito retrógrado, é composto entre dois envolvidos. União poliafetiva não funciona junto ao meu egoísmo.
Eu sei! Eu sei que tu vais dizer que estou idealizando o inexistente e potencializando a solidão preso ainda a um estereótipo. Só que depois de um tempo, em meio a tantas decepções, a gente passa a ser mais frio, seletivo e exigente. Não é culpa minha, eu juro! Mas o coração cansa, joga a toalha e pede arrego. Sabe aquela sensação de monotonia, acobertado pela rotina? Pois é. É a hora que o coração grita e a carência vem fazer visita. A abusada ainda vem de mala e cuia e já avisa que passará algum tempo por aqui. Como aqui em casa só tem um quarto, uma cama e só cabem duas pessoas. Vê se não demora, tá? Tem bolo de cenoura dentro do forno e suco de soja na geladeira. Os copos ficam no armário aéreo em cima do microondas e os pratinhos, para não sujar a casa, no armário ao lado do fogão.Vem logo e a gente bota ela para correr.
Só não demora. Tenho um péssimo hábito de não ter paciência e uma característica de não me prender aonde não me seguram.
Sobre o autor: Guilherme Pintto é blogueiro, abusado e pai de Hermione, a filha que late. Trabalha no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas inserido no programa que atende pacientes com câncer e outras patologias. Além de ser apaixonado por histórias, nutri um amor incondicional: escrever sobre pessoas e seus comportamentos.
Vocês o encontram também no blog Amor Abusado. Corre lá que vale a pena conhecer!
grande Guilherme...
ResponderExcluirEle é nota 10 ;)
ExcluirPerfeito!
ResponderExcluirAdorei o Blog, as histórias, tudo!
ResponderExcluirFiquei encantada.
Também comecei a publicar textos, e o primeiro foi hoje.
Se puder dar uma força, passa lá: http://jessicaasgomes.blogspot.com.br/