Solidão não é ser sozinho

25 julho 2013

Eu me considero a pessoa mais feliz (por ser sozinha) do mundo. Tenho dois namorados, mil amigos e uns três amantes e ainda sou a pessoa que mais se dá bem com a solidão. Por que me aproximaria se logo após partirei? Por que confiaria se tenho plena convicção de que quebrarei a cara novamente? Você sabe, tudo dá errado quando se coloca sentimentos. Porque aí vem a tal neurose e a gente perde o medo. Aí quando bate aquela vontade de perder o controle, eu me afasto. Digo que não estou preparada, que tenho algo melhor para fazer, que não tenho tempo, que prefiro viver sozinha. Não vejo cúmulo algum em ser just me numa sala de estar à noite com um vinho qualquer. O que me mata é ter que fingir que não ligo o quanto realmente ligo pra isso tudo.




Existem pessoas que se escondem para se achar. Tem sempre aquela desapega-que-a-vida-leva que faz tratamento com psicólogo para descobrir porque não consegue ser feliz e, principalmente, porque não consegue fazer alguém feliz. É sempre decepção, decepção, decepção e um dicionário inteiro de significados tristes restantes. Acontece que não dá para amar ao outro sem se amar antes, mas isso leva tempo para descobrir. Tem aquela misteriosa, que no fundo nem é tão misteriosa assim. Às vezes ela só não tem assunto mesmo. E quando abre a boca, seu mistério se transforma em um horror inteiro, porque a gente se decepciona quando descobre que nada era aquilo que imaginávamos. Têm pessoas que nos conquistam de cara e logo após, nos fazem descobrir que perdemos tempo. E a graça logo se vai. Eu me desencanto o tempo todo. Não confio, não esqueço, raramente concedo o perdão a alguém e queria eu me livrar logo dessa mágoa toda. Porque ver o mundo de perto é melhor que observar as notícias no jornal. Cair e quebrar a cara é melhor que chorar com os erros dos outros em filmes sem finais felizes. Viver é melhor que assistir. E ser sozinha não é o mesmo que ser solitária. Quanto mais penso nisso tudo, mais me afundo em sentimentos surreais. 



Não dá para desistir da minha vida, do meu trabalho, dos meus estudos, dos meus sonhos e, principalmente, de você. Mas, no final das contas, prefiro ser só eu. Ter meus próprios sentimentos, minha própria vida, meus próprios medos e objetivos. E sou feliz assim. Não sou do tipo que cultiva a solidão do modo que me torna uma pessoa extremamente solitária, sem amigos e amores. Sou só eu, e ainda assim, milhares de coisas ao mesmo tempo. Sou só eu e, ao mesmo tempo, nós dois debaixo de um edredom quentinho, cobertos de sonhos e despidos de esteriótipos. 


Ser só eu não me impede de ser de alguém. Ou de ser várias pessoas. Ser sozinha é ter a liberdade de decidir em que lugar permanecer. Ser solitária é ter que permanecer à um único lugar. Apenas por não ter aonde ir.

6 comentários:

  1. Caramba, eu amei esse texto. Principalmente o final. Os finais dos seus textos são sempre lindos demais.
    Parabéns!

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  2. Super me identifiquei com o texto, amei!

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  3. "Eu me desencanto o tempo todo. Não confio, não esqueço, raramente concedo o perdão a alguém e queria eu me livrar logo dessa mágoa toda. Porque ver o mundo de perto é melhor que observar as notícias no jornal. Cair e quebrar a cara é melhor que chorar com os erros dos outros em filmes sem finais felizes. Viver é melhor que assistir."

    AMEIII, PARABENS DE VERDADE <3

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