Declaração de amor

10 novembro 2014



Passei a noite toda pensando em nós. Estou dizendo o que houve logo no começo, para que você não perca o interesse de ler esta carta. Primeiramente, eu gostaria de lhe pedir desculpas e talvez isso te assuste um pouco. Perdão por, às vezes, falar demais e não pensar antes de pronunciar algumas palavras. Eu sei que esse meu jeito machuca, mas é que eu prefiro a dureza da sinceridade. Sei também que muita gente não entende esse meu jeito, às vezes mandona, noutras estupidamente sincera. Acredite, já perdi muita gente por culpa do meu gênio forte, já sofri demais tentando agir na melhor das intenções. Por isso não culpo você, nem o nosso relacionamento e nem a vida que eu escolhi para nós dois.

Eu não sou romântica, mas aprendi a ser menos seca por você. Não que você tivesse qualquer direito de me mudar, mas é que quando a gente ama de verdade, nós queremos ver o sorriso no rosto do outro. E para isso não medimos esforços, não planejamos caminhos, muito menos calculamos quedas. Vamos seguindo, indo até onde dá e quando não dá mais, traçamos outra rota, inventamos um caminho, criamos pontes, estradas e viadutos. Quando o amor é tão grande que esgota, nós cavamos mais fundo para que caiba mais e paramos em um momento para que transborde, para que inunde e leve para longe as coisas ruins.

O engraçado é que eu nunca quis que você mudasse, mas você mudou. Assim como eu, você se despiu de todos os seus vícios para experimentar os meus. E eu vi você gostando tanto disso, a ponto de não desistir mais. Quantas pessoas, no mundo, nós encontramos assim? Dois corpos, duas almas e duas pessoas completamente diferentes trocando peles e experiências sem desistência? Por quantas pessoas no mundo você mudaria? Eu acho muito provável que sua contagem não dê mais que 5 dedos. E é justamente por isso que passei a noite em claro. 


Eu mudei por você e dizem que o que vale nisso tudo é o bem um do outro, certo? Eu não sou difícil de decifrar. Quando me escondo, quero alguém que me encontre. Quando digo que não é nada, é muita coisa e eu não estou afim de discutir. Quando digo que te odeio, é só meu jeito de dizer que te amo sem querer. Eu sou o oposto de muita coisa que eu digo, por isso não se concentre tanto nas minhas palavras e sim nas atitudes que não precisam de descrições. Não desiste de mim, não. Cê sabe que a minha vontade louca de jogar tudo pro alto só existe porque eu sei que, depois, nós temos todo o tempo do mundo para reorganizar a casa. Não desiste de mim, não. Vamos arrumar a casa, a bagunça, a vida e os sentimentos. Nosso final feliz mora numa tarde fria de segunda-feira.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Raiane Ribeiro: Declaração de amor © 2011 - 2015 - Todos os Direitos reservados
Desenvolvido por: Pamella Paschoal