Quantas pessoas você já perdeu em sua vida? Minha pergunta é bem genérica porque não se trata de momentos específicos, e sim sobre perdas. Um dia desses minha amiga me perguntou se eu sentia falta do meu avô. A única coisa que eu conseguia pensar era: como não sentir? Ele acompanhou meu crescimento, fez um papel de pai insubstituível (porque perdi o meu aos 8 anos de idade) e faleceu quando eu tinha acabado de fazer 19 anos. Ele era forte, saudável e enxuto aos 87 quando me deixou. Acho que justamente por isso foi um baque de cair o queixo, a estima e a vontade de qualquer coisa. O que me entristece mesmo é que essas coisas acontecem quando a gente não está esperando, entende? Eu havia começado em meu primeiro emprego de verdade quando ele adoeceu. E, justamente por se tratar do primeiro emprego, por mais que eu quisesse, eu não podia simplesmente abandonar tudo e ficar com ele para sempre. E é nessa deixa que minha consciência pesa tanto.
Eu queria que Deus mandasse um sinalzinho dizendo: “ei, hora de se despedir!”, e talvez assim eu não sentisse um aperto tão grande ao me lembrar das pessoas que se foram sem ter aquela despedida que fizeram por merecer a vida toda. Sem ter aquele carinho absurdo que deram sem esperar reciprocidade alguma. Se eu soubesse que seria a última vez, teria permanecido quieta no quarto, segurando a mão dele e dizendo palavras confortáveis e bonitas. Se eu soubesse que maus tempos estavam chegando, teria largado o emprego e passaria tardes inteiras assistindo a Vale a Pena Ver de Novo ou Sessões da Tarde sem qualquer pesar por ficar sem grana no final do mês. Eu passaria mais dias e tardes e noites ouvindo suas histórias. Mas você sabe, na vida nada é tão perfeito, nem tão justo.
Atualmente tenho 21 anos, não tenho avós, nem pai e muitos tios já se foram. Não estou dizendo isso para atrair a piedade de ninguém, é apenas um apelo para que você acorde: a vida passa, e passa depressa demais! Tire um dia de folga e aproveite sua família como se fosse seu último dia com ela. Ou talvez você nem precise de folga, só precisa mudar um pouco seus hábitos. Ao invés de ficar trancado no quarto ouvindo música ou bisbilhotando a vida alheia em redes sociais, se dê a liberdade de rir com coisas bobas na mesa do jantar. Troque suas grosserias por gentilizas. Não há felicidade, nem momento, nem dinheiro no mundo que compre uma tarde em um lar que transborde amor pela presença de pessoas queridas.
A vida não te dá a chance de se despedir, nem de compensar o tempo perdido. E quando a gente vê, já foi. Por isso deixe seu orgulho de lado e aproveite seus momentos tão especiais e únicos. “Dê valor as pessoas enquanto elas estão por perto, pois saudade não será motivo para que elas voltem.” E o aperto que fica no peito, dificilmente sara. Então abrace, beije, ame e aproveite as pessoas com quem você se importa de verdade.
Não há, no mundo, orgulho que substitua a leveza de um ‘eu te amo’ ou um ‘eu me importo com você’ dito sem restrições.
Nossa, fiquei arrepiada com essas palavras. Muito bonito vc falar sobre o que acontece/aconteceu com você dessa forma tão direta. Enfim, você não é obrigada, mas muito obrigada por dividir.
ResponderExcluirBjo!
Obrigada pelo comentário, Jully. É sempre bom poder desabafar um pouco.. :) Beijo!
ExcluirLindo texto,meus parabéns por essa bela habilidade de lidar com os sentimentos em palavras.
ResponderExcluir(Perdi o meu guerreiro (avô) faz um mês,e de fato nunca estamos preparadas. )
Deus abençoe muito a sua vida,de verdade mesmo <3
Obrigada! Nunca, nunca estaremos preparadas para perder pessoas especiais. E sempre fico triste quando penso nisso..
ExcluirMeus sentimentos.
Espero que você esteja/fique bem :)
Que Ele abençoe muito você também! <3 Beijo