Ontem

06 junho 2012

Ontem eu tive um sentimento estranho. Algo que se assemelhava a dor, felicidade, medo ou todos esses sentimentos misturados, não sei. Ontem eu me senti leve, pesada, rápida e devagar. Caminhei lentamente por entre pensamentos reais e uma realidade imaginária. Por onde estive? Ontem conversei sozinha e respondi minhas próprias perguntas, ri alto e chorei baixinho. Onde está a porcaria do equilíbrio necessário para uma vida tranquila? 



Eu preciso de respostas constantemente e a vida só me entrega novos formulários. Eu não sei responder nada. Ou talvez eu até saiba. Talvez eu finja que sei para não mostrar meu medo de pisar em falso e cair. É esse medo de errar nas pequenas escolhas e causar danos irreparáveis que me faz parar no nada e ter medo do tudo. 


O medo é uma pedra no meu sapato. Eu quero te pedir para se mostrar pra mim e me escondo de tudo que tenta aparecer demais. Eu quero ser a heroína de todas as histórias ao meu redor, mas ando encostada nas paredes da vida por não conseguir lidar com o peso do mundo nas costas, engulo o choro e quase corro pro quarto da minha mãe. Quero viver mil histórias ao mesmo tempo, mas me lembro quão difícil é administrar uma vida só. Eu quero ser calmaria, ventania, furacão e terremoto. Nessa mesma ordem, aliás, não. Quero ser tudo ao mesmo tempo. Quero organizar meu quarto e continuar sendo essa bagunça. Quero pegar o ontem, transformar em hoje e esquecer o amanhã. Ou talvez eu deva apenas deixar o ontem para trás e me focar no amanhã.

Ontem eu pensei no anteontem e nos sentimentos que eu não compreendo. Nos sentimentos que eu gostaria de saber descrever para talvez, quem sabe, entende-los melhor. Ontem eu quis que você estivesse aqui e hoje quero que você vá embora. Ontem eu quis muitas coisas e hoje já desisti de todas elas. 



Ontem eu pensei, repensei e agora tentei encontrar uma palavra pra dizer que pensei mais de três vezes em tudo. Pensei em tudo e resolvi nada. E percebi que a minha vida é isso. Eu quero ser tudo e nada. Nada e tudo. E a sujeira do mundo me incomoda demais e me faz ter medo de não conseguir ser sempre limpinha. Me enoja, me amedronta, me dá ânsia. O mundo é sujo demais para a pureza que ainda resta em mim. É violento demais para a minha paz de espírito. O que eu deveria fazer a respeito? Só resta me despir desse mundo e me vestir de mim mesma. Porque mudar é cansativo e dançar conforme a música dá trabalho demais. O ontem me ensinou muitas coisas, mas é uma pena que hoje eu já tenha esquecido todas elas.

3 comentários:

  1. Why so talentosa??? Ta ooootimo!!

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  2. um dos meus textos preferidos é esse!

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  3. Que texto perfeito, traduz tudo o que sinto nesse momento! Parabéns! Adoro ler textos e me ler nas entrelinhas, ou me imaginar nas entrelinhas rsrsrrsrs...
    Muito bom! Sucesso =)

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