De amor em amor

22 agosto 2013

Um dia desses desisti de ser eu. Cortei o cabelo. Arranquei você em cada fio que foi ao chão. E então, dormi tranquila. Depois acordei me sentindo sozinha. E sabe o que a gente sente quando isso acontece? Dor. Dói muito não ter ninguém para abrir o coração quando a madrugada chega. E então, logo que acordei, decidi mudar completamente, fiz uma tatuagem. Eu esperava que a cada vez que a agulha fincasse no meu corpo, eu sentisse uma dor superior a de não ter um "por quê" para sentir dor. Amar dói.


Não me lembro muito bem o momento em que me tornei tão clichê. Ficar por aí divagando sobre o amor e seus desastres não é para mim. Ou será que é? Não sei. Parece que acordei sem identidade. Sem porquês. Sem dúvidas. Sem sonhos. Simplesmente acordei. E me vi no espelho. Egocentrismo a parte, eu estava linda. Me senti leve. E descobri que não parei mais para me observar. É trabalho, faculdade, amigos, festas, trabalho, trabalho, trab... E eu? E meu eu de verdade? Ainda tenho um coração?

Acontece que o amor às vezes é um porre. A gente se deixa levar, para cair logo adiante. E nos afundamos tanto em mágoas e dores, que nos esquecemos de viver. E não se pode abandonar a própria vida para viver a de outra pessoa, entende? Vai me dizer que nenhuma garota no mundo nunca teve vontade de se vingar daquele babaca que a deixou sozinha numa festa qualquer? Ou de pedir desculpas a alguém que não dá (nem nunca deu) a mínima para ela? E a vida se torna uma eterna busca pelo inalcançável. A gente quase sempre quer salvar um amor que morreu. Ou que, às vezes, nem chegou a existir. E isso é cansativo. Viver em função de um outro alguém soa mórbido para mim.

Eu estou leve. E livre. Não vou me permitir mais fazer qualquer tipo de loucura que me coloque em segundo plano. Eu sou o centro do meu próprio universo e nada vai mudar isso. Eu decidi que preciso ser mais áspera. De amor em amor, a gente deixa de ser rosa vermelha para virar cactus. Endurece, deixa de fechar os olhos para não enxergar a falta de inocência humana. De amor em amor, a gente cresce, deixa de confiar e mais umas outras mil coisas acontecem. De amor em amor, a gente se perde, aí vem alguém e nos encontra de novo. De amor em amor, a gente vive. Amar dói, mas a solidão de não ter a quem amar, fere muito mais.

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