Í(r)mã(o)

Quem vai lhe segurar quando você vacilar? Se você pensou que é seu melhor amigo, sua resposta está: Errada. Desde que você nasceu ele se fez presente, ou talvez seja você quem tem se doado desde que sua família recebeu um novo membro. Ele é chato, insuportável e você tem vontade de entregá-lo ao mercado negro porque a casa em que vivem é pequena demais pra dois seres tão cheios de si. Você diz que quer doce, ele quer salgado. Você diz que quer brincar de cabra cega e ele quer correr pela casa inteira no pique-pega. Vai me dizer que não reconhece essa descrição?

Ele te irrita, implica, te faz querer enforcá-lo. E quando você cair? Bom, primeiro ele vai dar altas gargalhadas da sua cara e te apontar o dedo e rir mais um pouco, mas logo em seguida vai te dar a mão, te levantar e trazer um remédio ardido pra que você passe na ferida e ele possa rir das suas caretas. Ele é único e ainda assim você não o escolheu. Caiu de paraquedas em sua chaminé e você se pergunta todos os dias qual cegonha foi capaz de fazer uma coisa dessas contigo. O que você fez pra merecer isso? Nada. Absolutamente nada. A vida simplesmente tem esse estranho hábito de nos presentear sem que a gente, de fato, mereça. E ganhamos anjos, galhos em nossa árvore e criamos raízes que não são fáceis de se desfazer, cortar, destruir ou qualquer coisa do tipo.

Já descobriu? Isso mesmo, me refiro aos tantos irmãos espalhados pelo mundo. Aquele de sangue, que te viu nascer, chorar, que ajudou a cuidar. Aquele que na primeira oportunidade te dedurou só pra ver você levar bronca, mas que nunca te abandonou quando você precisou de verdade. Aquele que riu das suas piadas sem graça e ficou abraçado com você enquanto te ouvia dizer que não era nada. Ele sabia, sempre soube. Aquele ímã que atrai as melhores roubadas em que você poderia entrar. É a pessoa que te conhece da pontinha do dedo do pé ao último fio de cabelo da sua cabeça. Sabe seus defeitos, suas qualidades e ainda assim só permite que ele mesmo critique isso, e as pessoas de fora que ousarem fazer qualquer crítica que se cuidem! Batem no peito pra falar: "É meu irmão" e batem em você por mexer nas coisas dele, faz parte. Amam te xingar, te matar de rir, amam te amar.

Vão das brincadeiras as brigas. Dos brinquedos aos namorados. Da adolescência ao casamento. Nunca te abandonam, não importa quão estúpido você seja, quão cego e incapaz de reconhecer o presente que a vida lhe deu, eles estão ali. Seja por falta de opção, seja porque “família a gente não escolhe”, seja por amor. Um amor que cresce, que tortura, que renasce, que diz: “Eu nunca mais vou falar com esse idiota”. É o conflito entre mentes diferentes e sangues iguais. É conflito, é briga, é amor, é família.

Eu tenho a melhor irmã do mundo e vocês? Beijinhos!