4:00 a.m

14 julho 2012

Ei meu bem, eu disse que ia tentar, eu sei, mas é que são quatro da manhã e eu ainda não dormi. Eu trabalho o dia todo e tenho a faculdade pra ocupar o resto do meu tempo e, ainda assim, você consegue ocupar as 24 horas do meu dia. Você entra e permanece e se intitula o rei dos milésimos de segundos calculados sem pena por mim. Tenho monitorado minhas ações, meus sentimentos, minhas palavras e me contendo perto de você. Ao tentar fazer a coisa certa, eu vou errando devagarinho e lamentando e tentando me importar menos. 


E agora estou aqui me dobrando e me rasgando inteira pra que as sobras de sentimento caibam no padrão que estabelecemos. Eu posso ser sua amiga, sua confidente, a pessoa que faz com que você sorria. Eu posso te ligar e contar todas as coisas pelas quais tenho passado e esquecer todas elas pra te ajudar com as suas. Eu posso ser eu mesma, fingir ser outra pessoa, me enganar, te enganar, esconder meu ciúme, me fantasiar de você e ainda assim me entregar em olhares suspeitos. Tento ser menos louca, menos sincera, menos romântica e mais cuidadosa para não te assustar, nem te afastar, nem surtar e nem fazer muitas outras coisas que eu gostaria de deixar na cara, pra que você não precisasse me perguntar nada.

A cada vez que penso em nós eu quero vomitar meu coração e costurar cada parte dele simplesmente pelo fato de você não merecer o peso das minhas frustrações e desamores. Eu quero reconstruí-lo, colando pedaço por pedaço, em cada abraço teu. Eu quero disfarçar sentimentalismo com grosseria só para me sentir menos culpada por gostar tanto de você e da sua companhia. Eu quero correr e me encontrar em outras pessoas e outras festas e outros caminhos só pra esquecer que você está tão fixado no meu, que na minha tentativa de fuga, eu só me aproximo mais. Sei que tenho negado e tentado ser filha da puta o suficiente pra não deixar escapar nada, nem um brilhozinho no olhar, que a propósito insiste em aparecer sempre, eu sei de tudo isso.

Hoje eu resolvi te escrever, (que fique claro que eu não espero resposta alguma) escrevi apenas pelo fato de não saber lidar muito bem com os sentimentos. Você sabe que alimento as borboletas no meu estômago com inseticida e tenho tendência a estragar tudo que é lindo e fofo e romântico demais ao meu redor, você me conhece. Mas tive que passar pro papel o que não cabia mais no meu peito surrado, nem na minha mente vazia e cheia de você e nem em todo o resto. Eu queria encerrar a gente no meu ponto final, mas apenas sorrio e peço a Deus que nos proteja. Que me ajude a cuidar de você e de mim, e que a gente volte a se odiar como dois irmãos adolescentes sempre que possível. Que a gente se entenda no meio dessa loucura, dessa guerra e desse sentimento. Que sempre haja um motivo para continuar e nos manter firmes. Tenho em mente que te odeio tanto, tanto, tanto, que não me resta outra opção a não ser te amar. Não precisa ficar pra sempre, mas fica mais um pouco? E não precisa ficar aí parado, termina de ler essa carta e vem pra cá, acredite, eu vou estar esperando por você. E pra terminar e esclarecer a enrolação, eu te amo, tá? Mesmo. Mesmo que eu nunca diga isso a ninguém. Mesmo que eu não me lembre muito bem (ou faça questão de esquecer) como é o amor, nem do gosto, o cheiro, muito menos o formato. Mas é amor, meu bem. Eu sei que é.

4 comentários:

  1. Esse texto já está entre os meus favoritos. Muito lindo, muito eu.

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  2. Sempre que posso fico relendo esse texto, é muito lindo <3

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  3. Obrigada, meninas! Também amo esse texto, é um dos meus preferidos, com certeza! <3

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